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A culpa é do frio?

Circulou bastante nos últimos dias um post com números mostrando que os estrangeiros sofrem muito com a dificuldade de integração e em fazer amigos na Suíça.

Complicado generalizar. Os suíços são fechados? Alguns, sim. E nos dias mais curtos, ah, a gente percebe que eles se recolhem ainda mais.

O inverno vai se aproximando e o humor, piorando. Já não há mais tantos sorrisos estampados nos rostos como os que vimos nos dias ensolarados. As pessoas quase não se cumprimentam. Não há mais trocas de gentileza. Pelo menos não com tanta frequência. E já observo esse processo há mais de 15 anos.


Parece que nos dias cinzentos sobra mais tempo para observar, pensar, apontar, criticar. Ficamos mais amargos e sem graça. Se nos meses quentes aproveitamos as varandas, os gramados, as piscinas, cachoeiras, bicicletas, fazemos caminhadas nas florestas e montanhas. Nos meses escuros preferimos nos esconder, ficamos de mal com a vida, distímicos. É, acho mesmo que a culpa é do frio...

Há exceções. O meu marido, por exempo. Já ouvi de muita gente, da minha própria irmã inclusive, que ele é tão ou mais brasileiro que eu. Ou seria eu tão ou mais suíça do que ele? Mais uma vez a gente brinca - e estereotipa - afinal o que/como é ser suíço, brasileiro, sul americano ou europeu? Assim como há "brasileiros e brasileiros", não seria óbvio que houvesse "suíços e suíços"?

Fato: viver fora do nosso país é uma luta constante para nos mantermos integrados. Devemos respeitar as diferenças culturais e particularidades do lugar que nos recebe. Parece tarefa fácil mas, ao contrário, é bem difícil. A gente aprende um novo idioma; tenta participar das conversas e entender os hábitos e mesmo assim continua a ser visto como estrangeiro. Para nos proteger do "que o outro (leia-se suíço aqui no caso) possa pensar a nosso respeito" acabamos fazendo igual ou melhor do que ele. Tudo com a esperança de não sermos julgados.

Ao viajar por aí é que a gente repara em como as pessoas de certas nacionalidades podem ser descontraídas, simpáticas, calorosas, sorridentes. E como a presença do sol e dias mais azuis ajudam.

Viver num lugar onde é tudo tão certinho, cheio de regras, onde a formalidade reina tem lá as suas vantagens. Se não fossem esses muros sentimentais que eles constroem, a vida seria muito mais fácil ou, pelo menos, muito mais agradável.

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